Aventuras da AQC no quadrinho nacional

Autor:
Redação

Seção:
Memória

Publicado em:
30 de Janeiro de 2025

Tempo de leitura:
3 minutos

Aventuras da AQC no quadrinho nacional

Por: Redação

Por: Bira Dantas (*)

Entrei na Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de SP em 1985, quando estava acontecendo o Troféu Angelo Agostini. Me tornei associado e logo depois, membro da diretoria. Foram anos de muitas reuniões, publicações de boletins e cartilhas falando da luta de Quadrinhistas brasileiros. Uma luta antiga, que remonta ao ano de 1869 quando o ítalo-brasileiro Angelo Agostini publicou as Aventuras de Nhô Quim, no dia 30 de janeiro

Foram muitas exposições e pesquisas resgatando a história e pioneirismo de Agostini na história do jornalismo, da luta antiescravagista (junto com Luis Gama) e pelo voto de mulheres e pobres. A AQC teve o papel histórico de resgatar e publicizar esses fatos.

Com minha mudança, em 1988, pra Campinas, acabei me afastando da AQC mas continuei me dedicando à produção de charges, ilustrações e quadrinhos no Sindicato dos Eletricitários, atual Sinergia CUT e no movimento sindical cutista.
Nos anos 2000 voltei a encontrar o pessoal na premiação, que acontecia próximo ao dia 30 de janeiro. A premiação foi mantida basicamente por Worney, Luigi Rocco, Prof. Cagnin, Salles, Baraldi e mais uns poucos apoiadores.

Voltei a ter contato com Worney e, em 2005, estava lá ajudando a organizar o troféu (que teve o prêmio especial Hermes Tadeu, colorista assassinado no ano anterior). Em 2006 Worney aceitou receber votos por e-mail, algo inédito, pois a cédula era em papel.

Nestes quase 20 anos, muita gente engrossou a turma que organizava/apoiava o Troféu, Fernando dos Santos, Marcos Venceslau, Alex Silva, Vetillo, Gazy Andraus, Fernanda, Flávio Motta, Márcio Baraldi, Lúcio (Marsupial), Suze Elias, Guto Camargo, Guilherme Smee, Djota Carvalho, Alex Ponciano, Morghana, Manassés, Márcio Rodrigues, Natália Nogueira e muito mais gente.

Em 2011 levamos o Troféu pro Instituto Cervantes e lá, Worney passou o bastão, se retirando da organização. Passamos a ter a categoria Web Quadrinho, um avanço para um prêmio que era só para publicações em papel. Com o apoio do jornalista Gonçalo Jr o Troféu AA foi pro Memorial da América Latina em 2013. A Pandemia levou milhares de vidas, destroçou famílias, empregos e nos fez suspender encontros presenciais. Apesar de online, o Troféu AA se tornou mais expressivo, inclusivo e importante do que nunca.

Durante o desgoverno Bolsonaro, diante de inúmeros ataques à Democracia, à Constituição, ao Bem Público, aos Direitos dos Trabalhadores, a chargistas como Aroeira⁩, Laerte, Nando Motta, Mor (e muitos mais) criamos a revista Pirralha como uma trincheira de resistência. Ganhamos as redes sociais e fizemos várias "charges continuadas" denunciando os desmandos de defensores do golpe de 64, de censura, tortura e assassinato de opositores ao regime de exceção.

Desta Pirralha, nasceu a ideia de levar ao congresso o debate em defesa do Quadrinho Nacional. Guto⁩, Geuvar Oliveira⁩, Laerte, Ricky, Jal, Dani Baptista, Daniel Esteves e eu fizemos parte desta ponte. E em junho de 2024, aconteceu Audiência Pública na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada do PT Juliana Cardoso. Após intenso debate foi criado um Projeto de Lei para oficializar o 30 de Janeiro como Dia do Quadrinho Nacional.

Há três anos estou morando em Vitória, ES. Me afastei da AQC e do Troféu AA, mas continuo colaborando com os debates da categoria aqui em terras capixabas. Desejo boa sorte a quem luta em defesa do Quadrinho Nacional, seja produzindo, seja publicando (como o Sinergia), seja lendo e compartilhando (você que está lendo esse artigo agora).

Agradeço demais e peço que continuem a apoiar esta categoria de quadrinhistas, Chargistas, cartunistas, ilustradores e caricaturistas, operários do traço, da qual faço parte desde 1979 quando publiquei a primeira HQ dos Trapalhões num gibi da editora Bloch.


Bira apresenta sua história em quadrinhos sobre os personagens brasileiros dos quadrinhos (clique na imagem para ampliar)

(*) Bira Dantas - chargista, cartunista e quadrinhista integra a equipe da Revista Pirralha e toca gaita nas horas vagas com outros cartunistas.