Autor:
Redação
Seção:
Noticiário geral
Publicado em:
22 de Junho de 2025
Tempo de leitura:
2 minutos

A cartunista Zehra Ömeroğlu processada na turquia por causa de um cartum (foto, acervo da artista)
Cartunista turca pode ser presa por um desenho
Por: Redação
A cartunista Zehra Ömeroğlu está sendo processada na Turquia acusada de “obscenidade” e pode ser condenada a até três anos de prisão além de multada. Tudo isto por causa de um cartum que publicou na revista LeMan de Istambul em 25 de novembro de 2020 durante a pandemia (reproduzido abaixo) que retratava um casal em seu isolamento onde se lê; “sem perda de sabor ou de odor”, em alusão às consequências do contágio ao afetar o paladar e o olfato. Um relatório do Conselho de Proteção aos Menores classificou o cartum como “completamente contrário aos costumes, tradições e moral da sociedade e que seu principal objetivo é criar excitação sexual no espectador”.

O cartum polêmico onde se lê: Sem perda do sabor ou do odor
Apesar de ter publicado várias charges criticando a agenda política da Turquia a artista acredita que a acusação atual se deve ao fato de ser uma cartunista mulher em um ambiente machista. Terry Anderson, diretora executiva da Cartoonists Rights, concorda com esta avaliação: “Em nossa opinião, a acusação é inteiramente baseada em seu gênero; o mesmo cartum, no mesmo espaço, ao mesmo tempo, com uma assinatura masculina simplesmente não teria provocado a mesma reação dos censores”.
O processo se arrasta por mais de quatro anos e, no dia 26 de junho de 2025, ela vai enfrentar a 14ª audiência. Zehra, que continua a produzir e publicar suas charges, inclusive internacionalmente, considera que estes processos têm o objetivo de censurar e intimidar os criadores, sobrecarregando-os com os custos da defesa legal até que abandonem suas posições críticas. A demora em solucionar o caso se torna, por si só, uma forma de punição. Apesar da determinação em continuar sua luta, ao analisar sua situação ela admite que “embora eu me sinta corajosa quando comparo os cartuns que desenhei há dez anos com os que faço hoje, reconheço que a autocensura insidiosamente se enraizou em mim”.
O caso vem sendo acompanhado por diversas entidades internacionais de defesa dos direitos humanos e por artistas de vários países que prestam sua solidariedade à desenhista.
(Texto elaborado a partir de informações de Ozlem Altunok, pesquisador da Freemuse, Turquia)
Em 26 de junho, a cartunista Zehra Ömeroglu foi absolvida da acusação pelo Tribunal de Primeira Instância que declarou que o cartum publicado por ela estava protegida pela Lei de Obras Intelectuais e Artísticas.(informação atualizada)