
Autor:
Redação
Seção:
Noticiário geral
Publicado em:
11 de Julho de 2025
Tempo de leitura:
2 minutos
A charge que causou a prisão dos cartunistas; “Eu sou Musa” (Moisés em árabe) diz o homem enquanto aperta as mãos de outro que responde: “Eu sou Mohammed” (Maomé).
Fazer charge na Turquia pode acabar em cadeia
Por: Redação
O cartunista Dogan Pehlivan, o editor-chefe Zafer Aknar, o designer gráfico Cebrail Okcu e o diretor editorial, Ali Yavuz, da revista Turca LeMan foram presos no dia 30 de junho por causa de uma charge publicada por eles. O co-fundador da revista, Tuncay Akgn, e o editor-chefe Aslan Ozdemir, escaparam da cadeia pois estavam fora do país, mas um mandado de prisão foi expedido em seu nomes, a ordem partiu do Ministério Público de Istambul que os acusou de agir contra a ordem pública. Isto aconteceu pois um desenho publicado pela revista foi interpretado como retratando as figuras de Moisés e Maomé em conversa no céu enquanto judeus e muçulmanos guerreavam na terra (ver destaque)
A publicação do cartum mobilizou grupos religiosos que protestaram em frente a redação em uma manifestação que acabou dispersada violentamente pela polícia. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, atacou a revista afirmando que a charge “É uma provocação clara disfarçada de humor, uma provocação vil”.
O motivo de tanta confusão é que na visão os religiosos é proibido retratar o profeta Maomé (entendimento semelhante resultou no massacre do Charlie Hebdo em 7 de janeiro de 2015 na França quando doze pessoas mortas), no entanto, Tuncay Akgun, declarou à Agencia France-Presse que a imagem foi mal interpretada pois não se trata de uma caricatura de Maomé, mas sim de uma pessoa comum morta na guerra. “Mais de 200 milhões de pessoas no mundo islâmico se chamam Maomé” afirmou.
Antecedentes
Esta não é a primeira vez que os desenhistas da revista satírica LeMan enfrentam problemas com as autoridades turcas. Recentemente, em 26 de junho, a cartunista Zehra Ömeroglu (veja sua história AQUI) foi absolvida da acusação de obscenidade pelo Tribunal de Primeira Instância que declarou que o cartum publicado por ela na revista estava protegida pela Lei de Obras Intelectuais e Artísticas.
Estes episódios reacendem o debate sobre a liberdade de expressão e de imprensa na Turquia, um Estado controlado pelo partido Partido da Justiça e Desenvolvimento, do presidente Erdogan, conservador e autoritário, que está no poder a 20 anos sufocando as liberdades civis.
Para protestar contra estes desmandos 12 entidades internacionais de cartunistas subscreveram uma carta aberta onde afirmam que as autoridades turcas estão perseguindo a revista LeMan e exigem que os artistas possam trabalhar tranquilamente (veja a carta em inglês AQUI)