Pequeno memorial para o grande Jaguar

Autor:
Redação

Seção:
Memória

Publicado em:
25 de Agosto de 2025

Tempo de leitura:
6 minutos

Com a presença do Sig, criação de Jaguar, André Barroso faz sua bem humorada homenagem ao mestre

Pequeno memorial para o grande Jaguar

Por: Redação

Nascido em 29 de fevereiro de 1932 como Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, faleceu aos 93 anos no domingo (24 de agosto de 2025) como Jaguar, um dos maiores expoentes do humor gráfico brasileiro. O artista estava internado há cerca de três semanas no Rio de Janeiro em virtude de uma infecção respiratória que acabou evoluindo e causando complicações renais.

Apesar de nascido no Rio de Janeiro, viveu a infância e adolescência entre Minas Gerais (Juiz de Fora) e São Paulo (Santos), retornando ao Rio em 1950 para se tornar um dos símbolos da cultura carioca. Em 1952, com 20 anos de idade, quando trabalhava no Banco do Brasil, começou uma carreira paralela como cartunista na revista Manchete. Foi somente em 1960 que surgiu o pseudônimo de Jaguar por sugestão do colega Borjalo. Neste período publicou nos grandes veículos de comunicação como Revista Senhor,  a Revista da Semana, a Revista Civilização Brasileira, o semanário Pif-Paf e os jornais Tribuna da Imprensa e A Última Hora.

Lá se vai mais um grande ícone do humor e cartum do Brasil. Admirava o Jaguar e tive a honra de trabalhar com ele em duas oportunidades. Uma quando era do jornal O Dia e ele era da Notícia. Era no mesmo prédio. Ele editava uma coluna chamada Diabão no O Dia, de charges e humor. Fiz algumas participações, mas tenho a lembrança de uma charge que fiz sobre o bandido Pareja, que sempre escapava das prisões. Fiz o cartum e deixei com ele. Ele gentilmente entregou meu desenho, com uma cartinha que guardo até hoje, além de ele ter pintado meu desenho...muita honra. Outro momento, foi no Pasquim, da qual fiz bastante participação, mas encontrava com ele eventualmente por lá. Num desses encontros, ele estava chapado, mas era uma enciclopédia humana e sempre certeiro...divertido, mesmo estressado. Ele me deu diversos originais e sempre aconselhava algo para um bom trabalho. Uma figura maravilhosa que se foi. Vá com Deus.
André Barroso

Sua carreira já estava consolidada quando, em 1969, fez parte do grupo de fundadores do Pasquim, jornal que se notabilizou pelo enfrentamento à Ditadura Militar e que tinha no humor uma de suas armas mais contundente.

Uma vez, lá pelos anos 69 ou 70, o pessoal do Pasquim veio a um evento na Casa de Goethe (quando era na rua Augusta, onde hoje está o cinema Augusta, salas 4 e 5). Fui lá mostrar a ele uma pasta de cartuns meus, e ele me deu um sábio conselho: – Nunca envie o original, mande xerox (que era a alternativa mais barata), porque some na redação do jornal. Pena que ultimamente estava ficando reaça...
Zepa Ferrer

O MÉTODO PASQUIM DE JORNALISMO

Por: Guto Camargo

O Pasquim faz parte da história do jornalismo brasileiro e Jaguar da história do Pasquim. Inicialmente pelo fato de ter sido um dos seus fundadores (e o ultimo a sair quando a publicação fechou as portas). Mas dois momentos emblemáticos da trajetória do jornal tem relação direta com a atuação do Jaguar, o primeiro é o fato dele ter sido o responsável pela prisão de toda a redação. É verdade que a ditadura militar estava endurecendo ainda mais e já se sentia incomodada com a postura crítica e combatente do irreverente (e censurado) seminário quando veio a gota d’água:a fotocharge que ele a partir de uma imagem do famoso quadro que retrata a independência do Brasil.

Outra chacoalhada que o Pasquim deu na imprensa brasileira foram suas entrevistas, feitas por vários jornalistas de maneira coletiva resultaram em momentos memoráveis. A revolução do método de entrevista aconteceu meio por acaso quando Jaguar ficou encarregado de transcrever a fita gravada e formatá-la para a publicação (ou, na linguagem jornalística, fazer o copydesk).

Acontece que, por preguiça, malandragem – sabe Deus por que – ele reproduziu os risos, as pausas, ou seja, tudo o que estava registrado na gravação. O resultado foi que o texto acabou por reproduzir para o leitor todo o ambiente descontraído da entrevista, que não poucas vezes se dava entre amigos, e se tornou a marca registrada do jornal, além de uma subverter o método tradicional de se publicar uma entrevista, o que, por sinal, passou a ser copiado por outros jornalistas.

Uma vez em Brasília , governo FHC,  junto com o graaaaaande Jaguar fomos visitar um mercadinho onde o dono todas as semanas estendia na fachada uma faixa enorme com uma frase engraçada e crítica ao Fernando Henrique. O proprietário fez muitas fotos com o jaguar aprovando os deboches!!!!!
O bodegueiro editou um livro com as fotos das faixas!!!! Grande irreverente que sabia rir de si mesmo!!!!!!
Macanudo Santiago

O UNDERBERG E A SAIDEIRA

Por: Mouzar Benedito

Quando comecei a colaborar no Pasquim, morava em São Paulo. Às vezes ia ao Rio de Janeiro e dava uma chegada na redação do jornal. Na primeira vez, achava que ia encontrar uma gandaia lá, mas não: cada um ocupando uma mesa com uma máquina de escrever, todo mundo quieto, parecia, pra mim, um escritório de contabilidade... mas com uma exceção: o Jaguar, com seu jeito anarquista, bebericando alguma coisa e sem exibir seriedade. 
Quando mudei pro Rio, fui morar inicialmente no bairro do Leme. Na esquina da rua em que morava, tinha um botecão onde eu ia de vez em quando, de pé, encostado no balcão. Às vezes encontrava lá o Jaguar, acompanhado da namorada da época, uma negra alta e bonita. Eu bebia um underberg pra "começar os serviços", e o Jaguar também bebia undeberg, mas como saideira...

Ah... nesse bar eu o cumprimentava de longe, e só. Não ia ficar atrapalhando o papo dele com a namorada - e nem ele permitiria, né?

DIVIDI O QUARTO DO HOTEL COM JAGUAR.

por Cláudio Oliveira

Foi em 1989, durante o Salão de Humor de Campina Grande. Jaguar fazia parte da comissão julgadora e eu havia sido premiado com uma caricatura. Peguei o ônibus e fui receber o prêmio. Lá chegando, o pessoal da organização me perguntou se me incomodaria de dividir um quarto com Jaguar. Disse que não. Depois, o cartunista William Medeiros me comunicou que eu daria uma entrevista ao Bom Dia Campina Grande, da TV Globo, no outro dia, às 7:30 h e tinha de estar no estúdio às 6:30h.

Quando cheguei ao hotel, depois das 22h, soube que Jaguar já havia saído para biritar. Cansado e tendo que acordar cedo, fui dormir. No dia seguinte, às 6 da manhã, quando ia tomar o café, encontrei Jaguar chegando do bar. No outro dia, a cena se repetiu, pois eu tinha de pegar o ônibus de volta para Natal bem cedo.

Logo, a rigor, não dividi o quarto do hotel com Jaguar, como diz o título.

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Mario Sérgio


Nei Lima


Trilho


Zepa Ferrer


Genildo


Milton de Faria


Alex Ponciano


Jorge Inácio


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Guto Camargo


Paulo Capilé


Diego Novaes


Marcos Vasconcelos