Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
15 de Outubro de 2021

Tempo de leitura:
4 minutos

Por: Redação

Os artistas que fazem a Revista Pirralha entregaram ao secretário municipal de Ação Cultural da cidade, Adolpho Queiroz, no dia 14 de outubro, um abaixo-assinado defendendo a realização do tradicional salão de humor realizado na cidade. O documento, intitulado "Desagravo aos participantes do 48º Salão Internacional de Humor de Piracicaba" conta com 69 assinaturas, entre elas a de Zélio, que participou ativamente da criação do salão e integrou o júri da primeira edição em 1974.

O portador do documento foi Kevin Freitas, presidente da Associação dos Amigos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, que participava de uma reunião para tratar da criação do Museu do Riso, um projeto elaborado no mandato do prefeito Gabriel Ferrato (PSDB -- gestão 2013/2016) que estava paralisado desde então. O encontro contou com a participação dos três últimas direções do salão que também tomaram ciência do movimento dos artistas em defesa do salão que veem com bons olhos a iniciativa e manifestaram a opinião que o salão deve manter a coerência histórica que o norteia desde a fundação.

A grande preocupação dos envolvidos com a criação do Museu do Riso, cuja sede seria no Engenho Central, local onde ocorre a exposição do salão, é que a polêmica criada pelo vereador venha a impactar negativamente a votação marcada para 21 de outubro quando a Câmara Municipal irá votar um aumento da verba anual para o salão de humor exatamente para contemplar a criação do novo museu.

Outra importante entidade que saiu em defesa do Salão de Humor de Piracicaba foi o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo que, através de sua representação local, encaminhou em 15 de outubro uma carta ao presidente da Câmara Municipal manifestando sua preocupação com o ocorrido. Assinam a carta Patrícia Moraes S. Amancio, Diretora Regional de Piracicaba e Thiago Tenji, Presidente do SJSP.

Excelentíssimo senhor Gilmar Rotta, Presidente da Câmara Municipal de Piracicaba,

No ano de 1975 os jornalistas ajudaram a escrever a história da democracia ao denunciar publicamente que o jornalista Vladimir Herzog, ao contrário do que divulgava a ditadura militar, havia sido assassinado nas dependências do Departamento de Operações Internas do II Exército, que ao lado do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), sintetizavam o símbolo da violência e do terror que se abatia sobre o país. Ancorado no princípio da Liberdade de Expressão e de Imprensa, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) cumpriu seu papel de denunciar a farsa montada pelo estado autoritário que procurava esconder seu crime sob o manto de um falso suicídio.

Este mesmo ideal fez com que, dois anos depois, na figura de seu presidente Audálio Dantas, os jornalistas participassem do 4º Salão Internacional de Humor de Piracicaba integrando o júri da premiação, data em que foi instituído o Prêmio Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, vencido por Sizenando Alves Silveira. Nas edições seguintes o Sindicato continuou presente, ora indicando nomes para integrar o júri ou apenas divulgando e apoiando o evento.

Dada a proximidade e a convergência dos ideais de defesa da liberdade de expressão, materializados no humor gráfico e no texto jornalístico, que o SJSP recebeu com verdadeiro horror a informação que um vereador da cidade de Piracicaba se posicionou publicamente contrário ao direito dos artistas participantes do 48º Salão Internacional de Humor de Piracicaba de exercerem livremente a crítica política por meio de suas charges, cartuns e caricaturas. E como se não bastasse, ainda propõe que os artistas sejam punidos e que não mais se permita a exposição de obras de semelhante teor nas próximas edições.

Em face de tal retrocesso democrático, cabe ao SJSP protestar contra este disparate e exigir que a Câmara Municipal de Piracicaba, e o poder público em geral, se posicionem firmemente ao lado da democracia. Os cidadãos piracicabanos têm a responsabilidade – em nome de todos os brasileiros – de defender a liberdade de expressão e artística que em quase 50 anos de mobilização foram construidas nas sucessivas edições do seu Salão de Internacional de Humor.

Atenciosamente

Vereador se envolve em novas polêmicas

O vereador Fabrício Polezi (Patriota) teve protocolado um pedido de cassação por quebra de decoro por ter agredido verbalmente servidores públicos e agentes de saúde quando, acompanhando um amigo ao pronto-socorro. exigiu atendimento imediato, fosse receitado o kit para o tratamento precoce da Covid-19 e, ainda por cima, se recusou a usar máscara. O pedido foi feito por José Valdir Sgrigneiro, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Piracicaba e Região, e José Osmir Beratzzoni, presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Segundo o Jornal de Piracicaba o vereador ainda não teria sido notificado e, portanto, não se manifestou sobre o caso.

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Na foto de abertura o secretário municipal de Ação Cultural, Adolpho Queiroz, recebe o documento da Revista Pirralha (arquivo pessoal de Kevin de Freitas).