Aqueles que perdemos no ano de 2020

Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
11 de Agosto de 2021

Tempo de leitura:
11 minutos

Aqueles que perdemos no ano de 2020

Por: Redação

O ano de 2020 ficará marcado na história pela pandemia do coronavírus que vitimou 1.8 milhões de habitantes do planeta e contaminou mais de 83 milhões de pessoas até o final de dezembro, segundo dados compilados pelo site Worldometers. Infelizmente, o vírus também atingiu um grande número de artistas e pessoas ligadas – diretamente ou não – ao campo do humor gráfico, desenho e animação, que, somados a outras causas, deixa 2020 como um grande saldo de perdas para o setor.

A revista Pirralha, com ajuda da AQC, levantou os nomes de vários companheiros (as) de jornada artística e cultural que nos deixaram em 2020 aos quais homenageamos.

NO BRASIL

Daniel Azulay (27 de março)

Além de desenhista, foi um educador dedicado a divulgar a arte para crianças e jovens. Dentre suas criações, a mais conhecida é a Turma do Lambe-Lambe que surgiu em 1975 e foi veiculada na TV brasileira ininterruptamente durante quinze anos, além disso, também apresentou os programas infantis “Oficina de Desenho Daniel Azulay” (1996) e a “Turma do Lambe-Lambe” que retornou entre 2003 e 2005. o artista, que estava em tratamento de leucemia contraiu o coronavírus e faleceu aos 72 anos. Site oficial: http://www.danielazulay.com.br/daniel_azulay.html

Ramsés Helenos (6 de abril)

Um dos fundadores da União dos Cartunistas da Baixada Santista era professor de desenho e ministrava oficinas de arte para crianças no litoral paulista.

Arievaldo Viana (30 de maio)

Poeta popular e ilustrador é autor de mais de 100 folhetos de cordel. Ele e seu irmão, Klévisson, adaptaram o cordel "A moça que namorou com o bode" para quadrinhos, trabalho que foi premiado com o Troféu HQ Mix, em 2004. Em 2010, publicou a "História do Navegador João de Calais e de Sua Amada Constança", quadrinho roteirizado por ele e desenhado por Jô Oliveira. Arievaldo Viana faleceu devido a uma infecção bacteriana gerada na dentição.

Rodrigo Belato (24 de junho)

O quadrinhista morreu em Curitiba aos 42 anos. Ligado às tecnologias digitais (chegou a trabalhar em uma produtora de games) publicava seus personagens Punk Afonso, Pingo do Espaço e Décio principalmente na internet, além do formato físico. Era sócio da Casa Cultural Belaboni, em Curitiba, escola que dividia com sua companheira, a cantora Dany Nascimento.

Bruno Liberati (26 de junho)

Aos 71 anos o ilustrador faleceu em sua casa por problemas respiratórios com suspeita de Covid apesar de não confirmado. Trabalhou em inúmeras redações desde o Jornal do Brasil (RJ) até o Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo e nos alternativos Movimento, Pasquim e Cartoon, revistas como Visão e Veja Rio e também no italiano La Repubblica e no japonês Yomiuri Shimbun. Além de desenhista era formado em Ciências Sociais. https://www.youtube.com/watch?v=cAotJhxWrZE

Harald Sticker (12 de agosto 2020)

Desenhista da graphic novel Independência ou Mortos (2012), descendente de prussianos, era formado em Belas Artes e mantinha o Nerdcast, um podcast onde atuava, a partir de Curitiba, com o pseudônimo de Android HS.

Zaé Júnior (20 de agosto)

Importante nome do rádio, TV e publicidade no Brasil, Zaé Mariano Carvalho do Nascimento Júnior foi roteirista e criador do Capitão Estrela, programa da TV Tupi do Rio de Janeiro que virou Gibi no final da década de 1950. Em 1948 Zaé era desenhista na Gazeta Juvenil onde criou a HQ “Jim Trovão, o repórter audaz” cujo desfecho da história era publicada em branco e se fazia um concurso entre os leitores para se completar o roteiro. Faleceu aos 92 anos na cidade de São Paulo.

Jodil (5 de setembro)

Joás Dias de Lima, o Jodil, era editor de fanzine (Fã Sim HQ, Túmulos Vazios) e colecionador, Jodil também era cartunista e ilustrador. Nos anos de 1960, com apenas 14 anos criou o super herói Kutang, o rei do universo, personagem que seria retomado depois de maneira mais profissional por J J Mareiro.

Altair Gelatti (25 de outubro)

Considerado como precursor dos quadrinhos em Caxias do Sul (RS) o desenhista, entre os anos de 1968 e 1971, publicou a revista em quadrinhos Albatroz que circulava praticamente só na cidade (foi o criador do super herói Homem Força). Morreu aos 89 anos em decorrência de um câncer.

Francisco Vilachã (29 de outubro)

Quadrinhista com passagem pelos gêneros de terror e erótico, foi editor de revistas de quadrinhos nos anos de 1980 e morreu devido a um câncer. Ficou um tempo afastado do mercado quando trabalhou com ilustração em geral e voltou nos últimos anos desenhando adaptações de obras literárias para os quadrinhos.

Lan (4 de novembro)

Lanfranco Aldo Ricardo Vaselli Cortellini Rossi Rossini, o Lan, nasceu na Itália (Montevarchi, 18 de fevereiro de 1925) e antes de se fixar no Brasil viveu na Argentina e no Uruguai. Após dois meses internado no Hospital em Petrópolis morreu aos 95 anos vítima de problemas relacionados a pneumonia (não se sabe se associado a Covid). Publicando no Brasil desde o início da década de 1950 tem uma produção muito vasta, sendo que ficou popularmente conhecido pelas charges onde retrata personagens cariocas típicos como sambistas, torcedores de futebol e as mulheres negras.

Marcos Borges (21 de novembro)

Chargista do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul tinha 54 anos e foi assassinado por uma massagista com a qual mantinha uma relação amorosa há poucos meses. A morte chocou a cidade de Campo Grande pois o corpo foi esquartejado e queimado, episódio em que ela contou com ajuda do seu filho. A mulher, dias depois, confessou o crime.

Rubens Cordeiro (6 de dezembro)

O quadrinhista, nascido em 1934, foi um dos pioneiros na criação de super-heróis brasileiros ainda na década de 1960 (Patrulheiro Fantasma, Pele de Cobra, Golden Guitar, Superargo, Mystiko e Homem-Fera). O desenhista atuou em praticamente todos os gêneros dos quadrinhos, do infantil ao terror e também com personagens estrangeiros como Zorro e Hanna Barbera. Faleceu aos 86 anos e não teve a causa morte divulgada.

PERSONALIDADES LIGADAS AO SETOR

Márcio Escoteiro (30 de maio)

Advogado por profissão era tido como um dos maiores colecionadores do mundo, especialmente focado no Batman (calcula-se que sua coleção possui de 6 a 7.000 itens ligados ao personagem). Foi o grande responsável pela exposição Batman 80,
realizada entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Veja site oficial da exposição. https://batman80expo.com.br/

Felipe Morcelli - (12 de agosto 2020)

Analista de Sistemas foi fundador e editor, em 2008, do site Terra Zero especializado nos personagens da DC Comics. Publicou os livros “Fazendo O Homem Acreditar” (comemorando os 75 anos do Superman) e “A Caminho da Justiça” (comemorando os 75 anos do Batman, em parceria com Luís Alberto e Pab Sarmento). Morreu em são Paulo aos 34 anos devido a complicações de uma pancreatite.

Thania Thaddeu (27 de outubro)

Jornalista e blogueira era uma das organizadoras do Butantã Gibi Com sendo sua coordenadora de comunicação. A primeira edição do evento ocorreu em 2019 e de maneira virtual no ano passado.

José Carlos Guerra (3 de novembro)

José Carlos Malmagro Vieira, seu verdadeiro nome, era dublador bastante conhecido e deu voz a personagens famosos como o Comissário Gordon, da série Batman dos anos 60, além de muitos desenhos animados. O ator, que tinha 75 anos e morava em São Roque (SP), sofria de câncer no pulmão e morreu de insuficiência respiratória.

Caio César Oliveira (4 de novembro)

Foi dublador de vários desenhos animados para TV e games. Com apenas 33 anos o ator sofreu um desmaio e veio a falecer, apesar da causa não divulgada acredita-se que tenha sido por motivos cardíacos.

Paulo Henrique Machado (18 de novembro)

“Meu nome é Paulo Henrique Machado. Nascido em 10 de outubro de 1967. Moro desde meu 1 ano e meio de idade, em um hospital, por conta da Poliomielite”, assim ele se apresentava no twitter. Aficionado por animação 3D, games e cultura pop iniciou, através do programa de financiamento coletivo, a criação da série de animação “As aventuras de Léca e seus amigos”, narrando a vida de crianças portadoras de necessidades especiais.

Thiago Blumenthal (28 de novembro)

Jornalista e editor foi um dos fundadores da Lote 42 (uma pequena editora de São Paulo que mantinha uma linha de quadrinhos em seu catálogo) e morreu aos 39 anos em sua casa, possivelmente por infarto. Trabalhou na TV Record, foi editor-assistente da Publifolha, e mantinha o podcast Afinidades eletivas, com Juliana de Albuquerque, que reunia especialistas para falar de crítica literária, filosofia e política.

Enrique Lipszyc (6 de dezembro)

Nascido na Argentina é artista plástico e autor de livros sobre a área da comunicação, foi presidente da Escola Panamericana de Arte e Designer que fundou na cidade de São Paulo em 1963.

NO EXTERIOR

René Follet (14 de março)

Nascido em Bruxelas em 1o de abril de 1931 foi quadrinhista, ilustrador e escritor. Publicou nas revistas Spirou, Tintin e ilustrou obras como A Ilha do Tesouro, As Viagens de Tom Sawyer, O Conde de Monte Cristo e o Último dos Moicanos. Faleceu aos 88 anos.

Albert Uderzo (24 de março)

Desenhista francês de quadrinhos criador, em parceria com René Goscinny, do personagem Asterix, certamente a HQ mais famosa da França. Iniciou a carreira de desenhista em Paris depois da II Guerra Mundial e começou a trabalhar com Goscinny na revista Pilote em 1959 onde surgiram as aventuras do famoso gaulês que a partir de 1967 passou a ser publicado em livro. A dupla publicou 24 exemplares juntos e, após a morte do seu roteirista, Uderzo continuou a série sozinho. Apesar de menos conhecido, o desenhista publicou vários outros álbuns e personagens, como Humpá-Pá, um indígena norte-americano. O desenhista Morreu aos 92 anos de ataque cardíaco.

Juan Padrón (24 de março)

Um dos mais importantes animador e desenhista de quadrinhos cubano. Nasceu em Matanzas (29 de janeiro de 1947) e a partir de 1963 passou a publicar caricaturas para revistas e jornais cubanos. Foi o criador, em 1970, de Elpidio Valdés, personagem de desenho animado com mais de sessenta curtas e dois longas-metragens. Passou a ser conhecido internacionalmente por Vampiros em Havana, uma comédia voltada para adultos. Padrón dirigiu seis longas-metragens de animação, além de muitos curtas, principalmente aqueles que tiveram Elpidio Valdés como personagem principal, além de esquetes cômicos de um minuto para adultos "Filminutos". Juan Padrón - https://pt.abcdef.wiki/wiki/Juan_Padr%C3%B3n

Juan Giménez (2 de abril)

Ilustrador e desenhista de histórias em quadrinhos argentino. Falecido aos 76 anos em decorrência da Covid-19, na cidade de Mendoza. Colaborou na revista Metal Hurlant e foi parceiro do roteirista Alejandro Jodorowsky, iniciou sua carreira na publicidade e migrou para os quadrinhos nos anos 70, mudou-se para a Europa onde desenvolveu sua carreira e voltou para a Argentina pouco antes de falecer.

Mordillo (30 de junho)

Desenhista Também nascido na Argentina (1932), ele fez carreira internacional e se tornou bastante conhecido principalmente por seus cartuns de cores fortes e sem palavras. Morreu aos 86 anos, em Maiorca, Espanha, onde tinha casa e sofreu uma indisposição enquanto jantava com a família. Trabalhou como artista em vários países: Peru, EUA (onde trabalhou em animações do marinheiro Popeye) e finalmente na Europa a partir dos anos 70.

Quino (30 de setembro)

O terceiro Argentino de nossa lista Joaquín Salvador Lavado Tejón nasceu em Mendoza (17 de julho de 1932) e faleceu na mesma cidade aos 88 anos. A causa da morte não foi divulgada mas, segundo a imprensa argentina, o artista sofreu um acidente vascular cerebral. Quino foi um grande cartunista que sabia explorar como poucos situações do cotidiano mas seu nome ficou popularmente ligado às histórias em quadrinhos através da tira Mafalda, tida como a HQ de língua espanhola mais traduzida do mundo e que estreou em setembro de 1964 e teve a última tira desenhada em julho de 1973.

Richard Corben (2 de dezembro)

Roteirista e desenhista de quadrinhos nascido no Kansas (1 de outubro de 1940) começou atuando em fanzines e no mercado de revistas underground. A partir dos anos de 1970 passa a fazer HQs de terror e aventura para editoras comerciais, suas obras são publicadas na Eerie, Creepy, Vampirella e na Métal Hurlant, na França. Seu traço peculiar também apareceu nas tradicionais Marvel, DC, Dark Horse e IDW. Faleceu após uma cirurgia no coração.