A obra crítica de Henfil continua presente

Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
5 de Janeiro de 2022

Tempo de leitura:
4 minutos

A obra crítica de Henfil continua presente

Por: Redação

Neste mês completa-se 34 anos da morte de Henfil. Henrique de Souza Filho (5/2/1944 – 4/1/1988) foi um dos maiores humorista gráfico do Brasil e faleceu prematuramente após contrair o vírus da AIDS por meio de uma transfusão de sangue.

Mas a importância cultural do Henfil se faz presente ainda hoje, O artista empresta seu nome para vários espaços; a gibiteca do Centro Cultural São Paulo, o Centro Cultural de Bocaiuva (MG), um centro de saúde (centro de Testagem e Acompanhamento CTA-SP), um cinema em Maricá (RJ), uma escola municipal em Belo Horizonte e outra em Recife, e para o Instituto Henfil no Rio de Janeiro, organizado pelo sei filho Ivan de Souza, que também deixa aqui sua mensagem:

“Saudades de seu humor político e engajado, sempre usado em defesa dos mais vulneráveis e pela democracia! Este ano sua obra vai estar bem presente na luta pelo restabelecimento da nossa democracia! Viva Henfil!!!”
Ivan de Souza

Em breve será lançado pela Editora Noir o livro Sick da Vida – As grandes entrevistas de Henfil, de Gonçalo Junior, quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo, e, para apoiar a iniciativa, a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-SP) realizou uma série de entrevistas com personalidades ligadas ao mundo dos cartuns e dos quadrinhos.

A revista Pirralha reuniu a opinião de 10 desenhistas, todos ouvidos pela AQC, sobre como Henfil estaria se portando nos dias de hoje. Os entrevistados responderam á pergunta; Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e antidemocrática que abocanhou os três poderes?

Veja as respostas

Ciça Pinto

Acho que ele estaria a toda, produzindo as mais geniais gozações e, acredito, mais personagens imortais no combate à invasão fascista.

Crau

Imagine se ele estivesse aqui, agora. Ele estaria a toda, produzindo mais do que nunca. Estaria em campanha em todas as mídias. Estaria na rua, em tudo quanto é lugar. Estaria mais ativo do que nunca e formulando outras formas de agir, outras ideias, estratégias. Ele continuaria a ser um militante full-time. Temos chargistas geniais, criticando o que está acontecendo, a gente os vê toda hora, brilhantes. Mas este engajamento dele muito dirigido, uma pessoa que não tinha nem móvel na casa, vivia pro desenho e pra conscientizar as pessoas. Não sei se temos alguém com este engajamento que ele tinha. Lembro dele no Pasquim, ele não tinha tempo nem pra conversar. Era ele desenhando o tempo inteiro. Desenhando, desenhando, desenhando. A gente passava pela sala com a porta aberta e só via ele de costas. Todos nós estamos segmentados em nossos interesses. Não sei qual de nós é assim... Mas tenho uma certeza, se Henfil estivesse entre nós, em carne, osso, estaria na Revista Pirralha!

Fausto

Certamente o inconformismo do Henfil falaria mais alto: seu poder de comunicação estaria mais presente em favor da democracia. Novos tempos, novas dificuldades e por outo lado, mais facilidade por conta das redes sociais. As lutas contra a sanha fascista seria um de seus grandes motes!

Flávio Mota

Eu acho que ele estaria fulo da vida com tudo isso e principalmente, com a incapacidade de mobilização do nosso lado.

Junião

Henfil estaria com a mão pesada dele, criticando o conservadorismo, o fascismo, essa elite fascista, mas também os dirigentes das esquerdas, não as bases, que depois do governo Lula deram uma sossegada no rolê e pararam de se comunicar com as bases. Não é voltar pras bases, é dialogar com as bases. São coisas muito diferentes. Esse diálogo tinha cessado, mas tá voltando porque os movimentos sociais estão pressionando os dirigentes.

Guevar

E sanha religiosa também. Acho que Henfil estaria com todo mundo nas cordas e socando o estômago deles, entrando com gancho, voadora e tudo mais.

Lor

Provavelmente com a fúria dos justos que ele exibia diante da ditadura e da miséria social. Acho que estaria reagindo com as armas que dispunha (e dispomos): escrevendo, desenhando e se posicionando contra o bolsonarismo. Apesar de sua argúcia política, tenho a impressão de que ele se surpreenderia com a parcela da população que se revelou de extrema direita no Brasil.

Nilson

Henfil crescia sob a pressão. Ele dizia ter nascido para ser piloto de provas de fábrica de supositório. Frente a qualquer situação dramática que abateria qualquer um, ele crescia, virava fera... coisa da hemofilia talvez! Acho que estaríamos menos ignorantes sobre o que fazer se ele estivesse aqui nos ajudando a decifrar esse pesadelo. Acho que daria um braço pra saber o que o Henfil diria sobre o que estamos vivendo no Brasil.

Paulo Batista

Henfil estaria na luta. Aliás, acho que está de qualquer forma. Afinal ele também deixou legado, armas pra enfrentar essa onda...

Santiago

Lógico que Henfil hoje estaria superativo, produzindo muitíssimo na internet.

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A totalidade das entrevistas pode ser conferida no blog da AQC e, para os interessados em apoiar a publicação do livro Sick da Vida – As grandes entrevistas de Henfil, de Gonçalo Junior pela Editora Noir, a colaboração fica aberta até 8 de janeiro na plataforma Catarse -  https://www.catarse.me/henfil.