Autor:
Redação

Seção:
Ponto de vista

Publicado em:
23 de Abril de 2023

Tempo de leitura:
3 minutos

Imagens geradas por Inteligência Artificial para ilustrar este texto

Por: Redação

O uso da Inteligência Artificial (IA) para gerar imagens e textos vem trazendo muita preocupação aos trabalhadores do setor criativo. Enquanto alguns enxergam na tecnologia apenas como mais uma ferramenta a ser usada, outro grupo - mais numeroso - olha preocupado para o impacto que o uso indiscriminado da tecnologia por não artistas pode causar no mercado de trabalho de ilustradores e autores.

A imagem que ilustra esta publicação foi gerada pela Inteligência Artificial da Stable Diffusion a partir do simples comando "Criar uma imagem para apresentar a Inteligência Artificial". O resultado foram as quatro opções reproduzidas acima e o comando foi utilizado uma única vez.

O cartunista Jal, que atua a décadas desenhando para jornais e editoras e é presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) apresenta aos leitores da Revista Pirralha um texto analisando os problemas envolvendo a IA e, em seguida, chargistas utilizam o humor gráfico para tratar da polêmica.

A Inteligência Artificial está entre nós

Jal (*)

A realidade da Inteligência Artificial (IA) já chegou e temos que nos adaptar. Os desenhistas são os maiores prejudicados, primeiro porque as imagens aparecem como magia, basta dar uma descrição do que deseja. Segundo porque cria na cabeça das pessoas a ideia de que um desenho vale um click. Porque vou pagar um desenhista se tenho praticamente de graça e rapidamente um superdesenho? O problema da IA não é apenas copiar desenhos e fazer ilustrações em segundos. É estabelecer que uma ilustração não terá direitos autorais e “preço merreca” ou gratuito.

Vamos competir com este “preço merreca” se quisermos que alguém pense em chamar um desenhista que vai demorar mais pra fazer uma ilustração bem-acabada E quando o desenhista cobrar algo a pessoa dirá que é muito caro, mesmo nivelando por baixo. “Preço merreca” quer dizer que o desenhista não vai conseguir viver do seu trabalho. Isso não é para daqui 10 anos, está acontecendo na velocidade da luz.

Uma editora vai ter uma ilustração sem direitos autorais e a IA pode fazer outra semelhante para outra editora que por sua vez poderá contratar um desenhista para trocar alguns detalhes para que seja exclusiva. O artista vai ganhar menos do que se fizesse a ilustração toda.

Se pedirmos para a IA criar um roteiro do Menino Maluquinho ela cria em segundos, mas será preciso oferecer algumas informações básicas para sair com qualidade e a cada pedido ela vai guardando mais informações, evoluindo com seu arquivo. Quanto mais informações são introduzidas mais se alimenta a criação da máquina.

Quando o Google tradutor começou o serviço era ruim mas com o uso foi se aprimorando e hoje é muito bom; assim a IA também vai ficar cada vez melhor. Nossa salvação estará em exposições mostrando a diferença entre técnicas e sentimentos.

O desafio é entrar cada vez mais nas escolas. Crianças precisam saber que tudo que é feito por um humano vale mais. Para isso elas precisam aprender a desenhar. Só assim saberão a diferença, a mágica. Se recebem tudo pronto de uma máquina vão ficar dependentes da máquina pra sempre. Então, desenhistas, ofereçam cursos de desenhos para escolas.

Humor analógico e  IA

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Santiago

Thiago

Guto Camargo

1000ton

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(*) Jal (José Alberto Lovetro) é cartunista, jornalista e um dos idealizadores do Projeto Efeito HQ que tem o objetivo de aplicar histórias em quadrinhos e humor gráfico nas escolas e pode ser conhecido AQUI. Nele o leitor poderá baixar gratuitamente um livro com a proposta pedagógica do projeto escrito em parceria com a professora Sonia Bibe Luyten.