Pequeno guia sobre as gibitecas brasileiras

Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
17 de Abril de 2022

Tempo de leitura:
9 minutos

Pequeno guia sobre as gibitecas brasileiras

Por: Redação

Não é de hoje que o Brasil reconhece a importância cultural das histórias em quadrinhos. Aliás, o país é um dos pioneiros em abrir espaço para o gênero entre as artes; em 18 de junho de 1951 o Centro Cultural Progresso, em São Paulo, foi aberta a 1ª Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos com originais de Alex Raymond, Hal Foster, Milton Caniff, All Cap e outros desenhistas que os organizadores reuniram a partir do King Features Syndicate e em contato direto com os autores (um relato sobre a organização desta exposição se encontra no primeiro capítulo - Era uma vez um menino amarelo... - do livro clássico de Álvaro de Moya, Shazam!)

Honrando esta tradição, a partir da década de 1980 começaram a serem montadas nas mais diversas cidades do país bibliotecas especializadas em histórias em quadrinhos, as Gibitecas, a partir do pontapé inicial dado por Curitiba. A Revista Pirralha fez um levantamento das mais conhecidas gibitecas do Brasil com o objetivo de, além de facilitar o acesso do leitor, promover estes importantes espaços que tanto colaboram para divulgar o trabalho do quadrinhista brasileiro.

Curitiba (PR)

Criada em 1982, a mais antiga em atividade no país, a Gibiteca de Curitiba está sediada no Centro Cultural Solar do Barão e possui um acervo de mais de 32 mil títulos entre gibis infantis, heróis, humor, terror, cartuns, fanzines, mangás e exemplares estrangeiros entre os quais edições de “Tico-tico” “O Globo Juvenil”, as primeiras edições nacionais de Batman e Capitão América, além de uma coleção completa do Pasquim. A Gibiteca também fomenta a produção local e já editou 15 números do Gibitiba dando oportunidade aos jovens desenhistas de mostrar suas criações além de realizar cursos, oficinas de criação, exposições, palestras, lançamentos e encontros de RPG (Role Playing Game), envolvendo o que há de melhor na produção brasileira e internacional.

Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Solar do Barão, Curitiba - Centro

Site: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/espacos-culturais/gibiteca-de-curitiba/

Email: gibitecadecuritiba@fcc.curitiba.pr.gov.br

Brasília (DF)

A gibiteca de Brasília, criada em 1993 foi fechada em 2013 para reforma e só reabriu em abril de 2022, na verdade, todo o Espaço Cultural Renato Russo, que abriga a gibiteca, foi interditado por falta de segurança e as reformas tiveram início em 2016. O conjunto de salas, teatro,  foyer, biblioteca, foi reformado  ao custo de R$ 6,2 milhões. Durante este período o acervo de 25 mil gibis ficou encaixotado e inacessível ao público, devido a esta interrupção, o catálogo da gibiteca apresenta uma maioria de títulos dos anos de 1980 e 1990. Com a reabertura a gibiteca passa a se chamar T T Catalão (pseudônimo do jornalista e poeta Vanderlei dos Santos Catalão) falecido em 2 de janeiro de 2020. O poeta foi administrador do espaço Cultural e fundador da gibiteca, para a qual doou sua coleção particular para formação do acervo (foto: Pedro Ventura/Agencia Brasília).

W3 Sul, Quadra 508 – Asa Sul – Brasília, DF

Fone: (61) 3244-0411

Goiânia (GO) - Gibiteca Jorge Braga

A Gibiteca Jorge Braga, primeira do estado, foi inaugurada em 22 de setembro de 1994 pela Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira, órgão que antecedeu a atual Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás), atual responsável. O espaço recebeu o nome de Jorge Braga, em homenagem ao cartunista, um dos pioneiros das histórias em quadrinhos em Goiás..Até dezembro de 1995, a Gibiteca funcionava em outro local, que devido a procura se tornou pequeno e  por isso foi transferida para o Centro Cultural Marietta Telles Machado. A Gibiteca conta com um acervo de mais de seis mil gibis e onze mil livros, dentre eles, alguns raros, além de manter alguns programas interessantes como a "Gibiteca Itinerante", projeto que leva para as escolas mais de uma centena de gibis que ficam a disposição dos alunos por até 15 dias..O cartunista Jorge Braga (foto), que trabalhou em diversas redações de Goiás, foi o idealizados da gibiteca que começou com a doação por ele de 1,7 mil exemplares de gibis de sua coleção particular.

Centro Cultural Marieta Telles Machado – Praça Cívica – Goiânia

E-mail: gibitecajorgebraga.cultura@goias.gov.br

São Paulo - Gibiteca Henfil

Fundada em 3 de maio de 1991 foi transferida em 1999 para o Centro Cultural São Paulo onde faz parte de uma das seções da Biblioteca Sérgio Milliet. A ideia de criar uma gibiteca municipal na cidade de São Paulo surgiu em junho de 1990 quando o jornalista especialista em cinema e quadrinhos, Álvaro de Moya foi convidado a apresentar um projeto que incluísse a linguagem dos quadrinhos nas 68 bibliotecas da Secretaria de Cultura do Município. Denominado Gibizada na Biblioteca Viriato Corrêa, um espaço voltado ao público infanto-juvenil, o projeto adquiriu importância e independência. Hoje a gibiteca possui mais de 130 mil exemplares com mais de 10 mil títulos diferentes e esta alojada em um dos mais importantes espaços culturais da capital.

Rua Vergueiro, 1000 - Liberdade - São Paulo – SP

Fone: 3397-4090

Email: gibiteca@prefeitura.sp.gov.br

Santos (SP) - Gibiteca Municipal Marcel Rodrigues Paes

A gibiteca de Santos funciona em um antigo posto de salvamento na orla da praia entre os canais três e quatro. Inaugurada em 1992, a Gibiteca é uma das mais antigas do Brasil, apesar do espaço não ser muito grande ela é uma das mais ativas com atividades ao longo do ano, como exposições, lançamentos, debates, bate-papos, grupos de RPG e o cine HQ, onde são projetados filmes e há debates sobre o assunto. O nome da gibiteca é uma homenagem ao jornalista Marcel Rodrigues Paes, estudioso das histórias em quadrinhos e colecionador, Marcel faleceu com apenas 26 anos em 30 de novembro de 1992 e em 8 de dezembro de 1992, oito dias após sua morte, foi inaugurada a gibiteca municipal com seu acervo de três mil itens doados pela família, atualmente a gibiteca conta com cerca de 49 mil títulos.

 Av. Bartolomeu de Gusmão, s/n, Posto 5 – Boqueirão

Site: https://www.santos.sp.gov.br/?q=portal/gibiteca

Santa Isabel (SP) - Gibiteca Maurício de Souza

O criador da turma da Mônica nasceu em Santa Isabel, interior do estado de São Paulo, em 1935 e o município homenageou seu filho ilustre criando em 2007 a Gibiteca Maurício de Souza. A gibiteca, como não poderia deixar de ser, é voltada para os personagens criados pelo cartunista, conta a história do autor e funciona em uma simpática casa que pertenceu a uma tia do artista e foi especialmente reformada para abrigar a instituição, inclusive o antigo quintal que é utilizado como área lúdica para as crianças. Santa Isabel fica a 54 km da capital e tem cerca de 57 mil habitantes, sendo, portanto o menor município brasileiro a ter uma gibiteca.

Praça Fernando Lopes, 32 - Centro, Santa Isabel, São Paulo - S

Fone: (11) 4657-4621

São Bernardo (SP) - Gibiteca Eugênio Colonnese

A Gibiteca foi fundada em 1999 e recebeu o nome de Eugênio Colonnese (foto) para homenagear o desenhista, roteirista e editor de HQs, nascido na Itália (3 de setembro de 1929) e que morou em Santo André, cidade vizinha que juntamente com São Caetano formam o ABC paulista.  Eugênio Colonnese é considerado um dos grandes mestres dos quadrinhos brasileiros (com forte presença no gênero de terror), o artista morou anos em Santo André onde faleceu em 8 de agosto de 2008. O espaço conta com acervo de cerca de 15 mil exemplares, entre gibis, mangás, livros de RPG e material teórico sobre as Histórias em Quadrinhos,. Após ficar fechada por um período devido a pandemia do coronavírus a gibiteca, que funcionou em vários locais ao longo dos anos,  foi reaberta em 27 de agosto de  2021 em nova sede  junto à Biblioteca Malba Tahan.

Rua Nicolau Filizola, 100 - Centro, São Bernardo do Campo - SP.

E-mail:gibiteca.municipal@saobernardo.sp.gov.br

Porto Alegre (RS)

A gibiteca gaúcha é a mais nova gibiteca dentre todas apresentadas neste levantamento, Criada como parte da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (BPE-RS) foi inaugura no dia 5 de novembro de 2021 a partir de um debate realizado na segunda edição de uma feira de artes e quadrinhos realizada no espaço da biblioteca. Inicialmente estava planejada para ser inaugurada em abril de 2020, aniversário da biblioteca, mas a pandemia adiou o evento. A gibiteca foi viabilizada pelas doações iniciais do quadrinhista Guilherme Smee (Sfredo Miorando) e do ilustrador Adri A (Adriano da Silva Andrade), acrescidas de obras doadas por outros leitores e coletadas durante a pandemia quando se organizava a gibiteca.

Rua Riachuelo 1.190, Porto Alegre, Centro Histórico

Fone: (51) 3224-5045 - e-mail: bpe-rs@sedac.rs.gov.br

Santa Rosa (RS)

Inaugurada em 3 de agosto de 2021, quando a cidade de Santa Rosa comemorava seus 90 anos de fundação e a Biblioteca Municipal Olavo Bilac 80 anos, a gibiteca local tem a glória de ser a primeira do Rio Grande do Sul, antecedendo em alguns meses a da própria capital. O projeto foi idealizado pela professora Luzan Pereira Traesel que, inspirada no exemplo de Curitiba, mobilizou a comunidade e contando com trabalho voluntário consegui tornar a ideia realidade. No momento a cidade se encontra em campanha para receber doações e ampliar o acervo que foi inaugurado com 900 exemplares. Santa Rosa fica a 490 km de Porto Alegre, tem cerca de 74 mil habitantes e é mais conhecida por ser a terra natal da apresentadora de TV Xuxa Meneghel. 

Rua Buenos Aires, 938 - Santa Rosa, RS - CEP: 98900-000

Fone: (55) 3513-1119

Leopoldina (MG) - Gibiteca Escolar Helena Fonseca

Diferentemente das outras iniciativas, esta gibiteca não é ligada à biblioteca da cidade, mas sim a escola municipal Judith Lintz Guedes Machado, o que reforça seu papel pedagógico e de incentivo à leitura. O projeto começou como um blog, cuja primeira postagem foi em 3 de março de 2007, e se estabeleceu em uma sala com um acervo de 1400 revistas, sendo o maior doador, à época, Hudson R. Jesus que viria a ser Secretários de Cultura, Lazer e Turismo do município. O nome de Helena Fonseca (roteirista que iniciou sua carreira nos gibis nos anos de 1960)  foi escolhido por votação entre os alunos a partir de uma lista de autoras brasileiras apesar de ela não ter qualquer ligação com a cidade. Outra curiosidade é que o logotipo da gibiteca foi criado por Bira Dantas, integrante da Revista Pirralha.

Site: https://gibitecacom.blogspot.com/

Email: gibitecacom@gmail.com

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1) Foto de abertura; produção de Guto Camargo.

2) As fotos que ilustram a reportagem foram feitas pelas respectivas secretarias de comunicação para efeito de divulgação e obtidas em suas páginas oficiais, infelizmente algumas não apresentam o nome do fotógrafo.

3) Se o leitor souber de outras gibitecas e queira incluí-las nesta lista escreva para contato@revistapirralha.com.br.