A distopia do golpe de 1964 faz aniversário

Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
28 de Março de 2024

Tempo de leitura:
4 minutos

Assim foi o 1 de abril de 1964 para a cartunista Crau, integrante da Revista Pirralha, que.ainda não tinha completado 8 anos.

A distopia do golpe de 1964 faz aniversário

Por: Redação

Clique nas imagens para ampliar


Milton


Jorge Inácio

.................................................
Com o texto de Guto Camargo e as charges de 12 artistas a Revista Pirralha se une aos defensores da justiça, da memória e da verdade para recordar e repudiar a ditadura instalada com o golpe de 1964 e celebrar a democracia
.................................................

Em 1964 os militares instigados por setores civis da elite econômica e política com apoio de parcela da classe média executaram um golpe de estado que, a exemplo da Oceania descrita por George Orwell, deu origem a “novafala” que batizou aquela violência reacionária de “revolução”.

Em seguida os peritos do “Ministério da Verdade” do novo governo decretaram que a quartelada, ocorrida na manhã de 1º de abril, teria acontecido na noite de 31 de março, o que evitaria que os livros de história – e os comunistas – associassem a data ao Dia da Mentira, manchando assim a imagem de tão relevante e patriótico feito.


Fernandes


Bira Dantas

Implantado o governo coube ao Ministério do Amor zelar pela ordem perseguindo e matando opositores, operários, camponeses, artistas e intelectuais, pois foi exatamente para impedir a manifestação destes elementos perigosos que as mentes lúcidas da nação se mobilizaram. Digno de nota foi a participação nesta empreitada do Ministério da Paz, que na ausência do inimigo externo, atuou brilhantemente contra os internos.

Passados dez anos do surgimento da “Redentora”, em 1974, o Ministério da Pujança, apesar de todos os feitos milagrosos por ele perpetrados na economia, não ficou satisfeito com as comemorações pois a seleção canarinho, tricampeã mundial de futebol, foi derrotada na Copa do Mundo pela social-democracia holandesa (que impediu o Brasil de chegar à final) e na disputa do terceiro lugar pelo comunismo polonês do Pacto de Varsóvia.

Por sua vez, em 1984, a comemoração com pompa e circunstância dos ideais revolucionários das Forças Armadas foi ofuscado por uma avassaladora onda de manifestações onde a população gritava “Diretas Já” nas praças e ruas de norte a sul do país questionando um dos fundamentos da teoria de governo de são George de que eleições para escolha do presidente são dispensáveis.


Bira Dantas


Guto Camargo

Recordar os 30 anos da “redentora” em 1994 já tinha perdido um pouco o sentido pois os militares salvadores da pátria haviam deixado o governo para as mãos civis de Fernando Henrique Cardoso que, ao lado de vários partidos confiáveis e empresários oriundos da burguesia nacional, impediram que os comunistas, detidos em 1964, fossem agora alçados ao poder.

Deste modo, sob a observação discreta dos herdeiros do golpe de 1964, que haviam deixado de se referir ao feito como “revolução” e lhe deram a alcunha de “movimento”, a história continua avançando. Nota-se, verdade seja dita, certa apreensão das forças vivas da nação quando um partido de origem operária e popular (com apoio de outras forças de esquerda) vence as eleições e passa a governar o país. Mas a expertise golpista deste grupo se faz necessária e a presidente (primeira mulher a governar a nação) é retirada do poder por manobras legislativas e judiciais.

Mas eis que os sonhos dos “patriotas” se reacende: surge um falso messias de nome Jair, capitão reformado, que apesar de ter sido considerado um mau militar por seu chefe supremo e quarto ocupante do trono presidencial após 1964 é eleito presidente em 2018 o que excita viúvas da ditadura, ressuscita fascistas, anima reacionários e militares saudosos do poder. Em nome dos bons costumes se esqueceu que o então militar de baixa patente por pouco não foi expulso do exército em 1988 após sofrer processo no Supremo Tribunal Militar.


Thiago


Paulo Batista

A esperança da corja golpista era que o falso mito fosse reeleito em 2022 e assim eles poderiam festejar os 60 anos do “movimento de 64” com pompa e circunstância. Mas deu “ruim” e ele perdeu. Diante da dura realidade das urnas Jair e seus asseclas arquitetam mais um golpe de estado para impedir que a vontade popular democraticamente expressa pelo voto se consolide. Acontece que, como mau militar que sempre foi, não entendendo nada de estratégia, é fragorosamente derrotado pelas forças da ordem democrática.

Agora chegamos ao ano de 2024 e o presidente Lula, em uma decisão polêmica, impõe uma espécie de silêncio no governo sobre os 60 anos do golpe. Naturalmente a parte da sociedade civil que defende a memória histórica e busca trazer à luz a verdade escondida sobre os porões da ditadura não concorda com esta postura e, independentemente do governo, se mobiliza para que a tragédia dos anos de chumbo não seja esquecida e nunca mais se repita, aliás, o que por pouco não aconteceu...


Paulo Capilé


Máximo


Máximo


Máximo


Aurélio


Aurélio


Milton


Milton


Mário Sérgio


Guto Camargo