Autor:
Redação
Seção:
Charge & cartum
Publicado em:
14 de Junho de 2024
Tempo de leitura:
2 minutos
Assim que o PL foi anunciado os protestos começaram a tomar conta das ruas (foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
PL do aborto propõe uma nova Idade Média
Por: Redação
Um Projeto de Lei (PL 1904/2024) pretende equiparar qualquer aborto realizado no Brasil após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio. A nova regra impediria, inclusive, os casos da gravidez decorrente de estupro, procedimento autorizado pela atual legislação brasileira. No dia 12 de junho, por iniciativa de seu presidente, Arthur Lira (PP - AL), a Câmara dos Deputados aprovou em votação simbólica o requerimento de urgência do texto, o que impede o amplo debate sobre este tema tão polêmico pois ele deixa de passar pelas comissões da casa e segue direto para o plenário..
Imediatamente uma onda de indignação e protesto tomou conta das ruas e o projeto foi taxado de "PL do estupro" uma vez que ao equiparar o aborto com assassinato a pena para a mulher que aborta passaria a ser maior do que a do próprio criminoso estuprador. As mulheres (e também homens) em suas manifestações transformaram a frase "Criança não é mãe , estuprador não é pai" em uma espécie de slogam oficial do movimento. Obviamente os chargistas da Revista Pirralha também se manifestam.
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O aborto em qualquer tempo é tão traumático que o sofrimento para a mãe é avassalador. Quem defende a descriminalização do aborto não o faz por defender esse modo esdrúxulo como planejamento familiar. Aos seis meses de gestação a criança já se mexe e pode sobreviver fora do útero, fica ainda mais complicado em todos os sentidos: tecnicamente, risco, trauma …
Se uma mulher, a essa altura da gestação, recorre ao procedimento o faz em absoluto desespero! Fará de qualquer jeito, e se não tiver apoio recorrerá a atos ainda mais arriscados. Lembro de ter visto uma colega de escola logo após ter abortado nessa fase. Arrasada, parecia subitamente dez anos mais velha.
É bom lembrar que aborto é sofrimento, e o tipo de aborto legal no Brasil é uma óbvia necessidade. Quando a dor da ideia de ter um filho em péssimas condições, sejam financeiras, psicológicas (vou ter um filho daquele monstro?), ou de dignidade e mesmo de maturidade (estou preparada para as consequências sociais e familiares dessa mudança de vida?) é tão grande a ponto da mulher desejar interromper a gravidez ela já está sofrendo uma pena que pode durar muitos anos, talvez a vida toda, e vai precisar de terapia, muito amor e novas oportunidades para superar a situação.
Tudo o que ela não precisa é da sociedade hipócrita a tripudiar sobre sua dor, querendo encarcerá-la. Tampouco da opinião de homens que se acham donos do corpo da mulher.
Malditos os representantes da ignorância crassa nesse congresso!Depoimento da chargista Crau