Autor:
Redação

Seção:
Desenhistas

Publicado em:
2 de Abril de 2024

Tempo de leitura:
3 minutos

Um dos últimos cartuns desenhados por Ikenga onde faz uma autocaricatura (obra adaptada ao formato horizontal para esta publicação)

Por: Redação

Ao longo do dia 1 de abril os amigos foram recebendo incrédulos a notícia que Bonifácio Rodrigues de Mattos havia morrido. Infelizmente não se tratava de uma brincadeira de mau gosto pois o coração do chargista Ykenga havia realmente parado de bater por volta das nove horas daquela manhã. Ykenga, de 71 anos, era um dos remanescentes da segunda geração do Pasquim e um daqueles jovens cartunistas que passaram a integrar a publicação a partir de 1970 reforçando a combatividade do jornal alternativo no enfrentamento à ditadura.

A chegada de Ykenga no Pasquim se deve a uma feliz sequência de fatos, formado em sociologia foi trabalhar no Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), do Betinho, que o apresentou ao seu irmão Henfil que por sua vez o levou ao Pasquim. Depois do Pasquim Ykenga rodou a imprensa carioca com seu humor certeiro; Extra, Dia, O Povo, Última hora e outras publicações, inclusive do então crescente movimento sindical. Seus desenhos viajaram o planeta passando pelo Canadá. Japão, França, Uruguai e até na Bulgária eles chegaram.

Outra faceta do artista foi sua militância no movimento negro, particularmente, junto à comunidade do samba onde também possuía inúmeros amigos. Além do compromisso político e social Ykenga era um excelente companheiro para uma conversa descompromissada acompanhado de uma cerveja gelada e da cachaçinha que apreciava a ponto de integrar a Academia Brasileira da Cachaça e de ser fundador do Partido da Cachaça Brasileira, duas importantes iniciativas em prol do bom humor e da convivência pacífica entre os seres humanos. No destaque uma foto de desenhista ao lado do músico Martinho da Vila onde se nota, em sua camiseta, o logotipo do seu PCB (foto publicada por Martinho da Vila em suas redes sociais para homenagear o amigo).

Mas como ocorreu com a maioria dos chargistas a crise da imprensa escrita e a diminuição do espaço das ilustrações nos jornais impressos fez com que ele passasse a publicar suas criações apenas na internet, onde usava uma matriz de formato quadrado com moldura irregular que se adapta ás pequenas telas dos celulares (padrão em todas as charges exibidas aqui). Nas redes sociais Ykenga pode trafegar livremente por todos os temas sem se prender ás regras editoriais de uma publicação, podendo exercer livremente sua criatividade e capacidade produtiva que chama a atenção pela qualidade e quantidade.

Devido a sua popularidade entre os cartunistas Ykenga foi convidado a ser um dos fundadores da Revista Pirralha e seus trabalhos podem ser vistos nas inúmeras páginas deste site. Com uma produção muito variada, abordando temas que transitam da política aos costumes, ele era um dos mais ativos colaboradores do site. Somente neste ano ele já produziu mais de 50 obras que enviou para a Revista Pirralha, das quais selecionamos 30 desenhos evitando aqueles de teor diretamente voltados à política brasileira que, entretanto, continuam presente nas entrelinhas. Conheçam a versatilidade do humor do mestre Ykenga.

Você pode conhecer mais sobre a trajetória do artista na reportagem da Revista Pirralha; Ykenga avisa que tem cartunista no samba.

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