O continuador do modernismo de São Paulo

Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
8 de Julho de 2023

Tempo de leitura:
3 minutos

Zé Celso posa em 2010 para foto do coletivo Garapa - garapa.org (licençaCreative Commons).

O continuador do modernismo de São Paulo

Por: Redação

Internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, após um incêndio ter atingido o apartamento em que morava  na cidade de São Paulo, morre em 4 de julho aos 86 anos  o fundador do Teatro Oficina, o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, conhecido como Zé Celso. Fundado em 1958 por ele enquanto era estudante de Direito, o Teatro Oficina  é um dos mais longevos teatros do Brasil e um dos principais pontos culturais de São Paulo, particularmente do Bixiga, bairro boêmio da capital que mistura de maneira singular a cultura e a culinária dos imigrantes italianos com o samba dos negros que se estabeleceram por lá ainda durante o período da escravidão e da resistência quilombola.

Neste ambiente Zé Celso e sua trupe encontraram o lugar perfeito para desenvolver sua alquimia teatral que tem entre suas produções de destaque O Rei da Vela, adaptação da peça de Oswald de Andrade (1890 - 1954), um dos mentores do movimento modernista de 1922, que é encenada em 1967 e integra o período da chamada tropicália. A montagem marca toda uma geração. Exilado durante a ditadura militar em 1974, Zé Celso volta ao Brasil em 1979, reassume o revitalizado Oficina Uzyna Uzona (tombado como patrimônio cultural em 198) e continua a "carnavalizar" a cultura brasileira como almejavam os artista da semana de arte moderna.

Mais um gigante que se vai

"Em 1980 eu e Henfil estávamos numa concentração dos metalúrgicos no ABC, de repente uma gritaria, música e entra uma trupe cantando, dançando, desmunhecando, desvendando, carnavalizando, era o Zé  Celso e o Oficina retornando  do exílio vindos de Moçambique. Era um momento tenso, grave e a repressão a espreita, temi pelo pessoal do Oficina não só pela polícia mas pela reação que poderiam ter os próprios metalúrgicos despreparados como nós para aquela invasão carnavalesca. Graças a Deus deu tudo certo e aquele movimento resultou naquela famosa greve e na grande jornada de ressurreição do Ze e seu Oficina."
Nilson Adelino

A memória deste grande artista é homenageada e lembrada em texto e imagens criadas pelos artistas da Revista Pirralha.

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Clóvis Lima


1000Ton


Genildo


Paulo Batista


Fernandes


Nei Lima


Guto Camargo


Flávio


Paulo Capilé


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Zé Celso contra a especulação imobiliária

por Flavio Roberto Mota (*)

O Zé Celso a mais de 10 anos estava incomodando os poderosos de SP com o seu projeto de revitalização do centro de São Paulo que previa a criação de um grande parque para as pessoas circularem livremente, realizar manifestações artísticas contrariando os interesses imobiliários de fazer dinheiro com cada centímetro quadrado do centro em uma agenda de especulação selvagem. Seu projeto estava ganhando cada vez mais apoiadores dentre os cidadãos da cidade a ponto de preocupar seriamente as empresas do ramo imobiliário. O que travava seu projeto é a previsão de desapropriação de edifícios antigos do centro, muitos abandonados que a um bom tempo não cumpriam mais com seu objetivo social, dentre eles um de propriedade do Grupo Silvio Santos.

Na época que o Zé Celso apresentou seu plano pela primeira vez ao prefeito João Doria que se recusou a realizar as desapropriações, negativa essa que foi mantida pelos demais prefeitos. O aumento de simpatizantes do seu projeto entre os populares poderia fazer com que a prefeitura não visse outra opção senão adotar o projeto. Sua morte muito conveniente vem acabar com essa pressão, aliás, muito conveniente para a elite paulistana. Um pouco de pulga atrás da orelha não faz mal para ninguém.

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(*) Este texto, um comentário feito em um post do Ferréz, foi retirado do ar pelo Facebook que, sem alegar nenhum motivo, penalizou o autor com a proibição de postar na rede por dois dias.