Quando os conservadores vestem o capuz

Autor:
Redação

Seção:
Noticiário geral

Publicado em:
20 de Outubro de 2022

Tempo de leitura:
3 minutos

Quando os conservadores vestem o capuz

Por: Redação

Neltair Rebés Abreu é um gaúcho nascido em Santiago do Boqueirão (de onde se originou seu nome artístico Santiago), município que faz parte do território missioneiro, tendo sido ora parte de Portugal, ora de Espanha, ao sabor dos tratados diplomáticos e das lutas que envolveram os dois países. Estamos, portanto, frente a um típico gaúcho que conhece as tradições e, inclusive, as usa como inspiração para uma de suas criações mais conhecidas, o Macanudo Taurino (desenho ao lado), criado em 1976 e publicado pela primeira vez no jornal Folha da Tarde.

Santiago, que começou a atuar profissionalmente em 1975, é colaborador do jornal Extra Classe, publicação do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul onde uma de suas charges (reproduzida na abertura) incomodou profundamente os conservadores do estado a ponto de levar Giovani Grizotti, o Repórter Farroupilha, que mantém um blog em defesa das tradições gaúchas, telefonar para o Sindicato cobrando uma posição oficial da entidade sobre o desenho que considerou ofensivo, pois, em sua opinião “agride a todos os gaúchos, associados no desenho ao nazismo, homofobia, fascismo, e violência, de forma generalizada”.

Em resposta o editor do jornal Extra Classe emitiu uma nota esclarecendo o ocorrido

Prezado Giovani,

O Extra Classe reafirma que a charge é uma crítica ao conservadorismo e o Santiago, que dispensa apresentações, tem autonomia para publicar e responder por suas posições, assim como aos demais colaboradores é assegurada a liberdade de expressão. O Extra Classe não pratica censura prévia.

Da mesma forma, o Sinpro/RS, embora seja a entidade que mantém o jornal, não determina o que deve ou não ser publicado nem interfere no conteúdo jornalístico. Se o desenho provocou reações de indignação entre tradicionalistas mais conservadores, isso prova que o chargista estava certo.

O próprio Santiago também se posicionou através de uma resposta pública

Nada mais terrível do que explicar a piada!!!

Só tem dois tipos que se ofenderam: os que não entenderam (para esse tipo de déficit nada posso fazer!!! ) e aqueles para os quais serviu a carapuça (ou chapéu tapeado de aba larga), afinal o desenho era mesmo uma proposta para vestir o gauchinho conservador (politicamente) ou vestir-se a si mesmo se a pessoa se enquadra nos ítens enumerados. O desenho é sim para criticar os milhões de gaúchos que votaram no defensor da HOMOFOBIA, TORTURA, FASCISMO, DITADURA, RACISMO, ódio aos SEM TERRA.

Evidentemente os outros milhões de gaúchos que não demonstraram nas urnas, simpatia por estes ítens maléficos, não tem porque se incomodar com o desenho. Esses são os gaúchos que vão usar com orgulho suas belas pilchas pampeanas, que eu também visto!!! Afinal o que devo dizer de gaúchos de CTG que votaram num general visitante do Rio Grande ao invés de um gaúcho autêntico como Olívio?????

Os que aqui reagiram com grossuras e patadas só confirmaram a tese do desenho, nosso Mario Quintana já disse que “cada vez temos mais gauchescos e menos gaúchos !!!!" A propósito, como sempre nestas hostes conservadoras, quanto erro de português!!!

Mais uma coisa: porque o gauchismo do Rio Grande é tão conservador? Nunca ouviram o grito libertário sempre a favor dos despossuídos de Atahualpa Yupanqui, Mercedes Sosa, Alfredo Zitarrosa ou o nosso Noel Guarany???

Santiago, cartunista-desenhista há 48 anos difundindo a cultura gaúcha pampeana em todo o país (e até fora)

Então, “A la fresca”, como diria Macanudo Taurino...